quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

NOTA SOBRE CONJUNTURA DA SITUAÇÃO DA MOBILIDADE URBANA NA CIDADE DE SÃO LUÍS



A Frente de Lutas pela Mobilidade Urbana na Grande Ilha vem à publico manifestar sobre o que segue:


A Frente de Lutas pela Mobilidade Urbana na Grande Ilha vêm à público repudiar o processo antidemocrático, autoritário e sem participação social pelo qual foi aprovada a lei que autoriza a prefeitura de São Luís à lançar edital para a licitação do sistema de transporte coletivo de São Luís. Reiteramos que não houve nenhuma audiência pública para discutir o tema nem houve participação da sociedade civil neste processo sumário de aprovação na câmara de vereadores. 

 
Reiteramos também que a crise do sistema de transporte coletivo de São Luís permanece com precariedade na prestação do serviço através de ônibus velhos, inapropriados e caindo aos pedaços que põe em risco a vida dos usuários dos ônibus bem como de motoristas e pedestres que trafegam pelas vias da cidade. As propagandas da prefeitura são mentirosas e escondem a realidade da situação sentida diariamente por milhares e milhares de pessoas sistematicamente desrespeitadas em sua dignidade com a precariedade das condições de uso dos ônibus na cidade.


A Frente denuncia também este verdadeiro engodo chamado Bilhete Único. Na verdade a execução do mesmo antes mesmo de concluído o processo licitatório apenas atesta a ineficácia e inépcia do mesmo num processo de cartas marcadas, sem transparência, sem participação social e que irá beneficiar apenas o consórcio das maiores empresas de ônibus que operam na cidade. Já o Bilhete Único é uma grande enrolação senão vejamos: O mesmo funcionará apenas nas linhas que operam no sistema integrado com a passagem à R$2,60 o que irá inflacionar a procura pela mesma abrindo brecha para a desativação das linhas não integradas. Além disso o tal benefício vale apenas para um único sentido o que não é claro e quebra a possibilidade de amplo deslocamento se utilizando apenas de uma passagem. Nos moldes em que estpa operando o Bilhete Único da prefeitura quebra a mobilidade da pessoas e beneficia apenas os deslocamentos que se fazem diariamente no sentido casa-trabalho e trabalho casa ou casa-escola/universidade escola/universidade-casa. Outro engodo é que o mesmo vale apenas por 1 hora e meia período absolutamente suficiente para realizar grandes deslocamentos já que as situações dos engarrafamentos na cidade apenas pioram à cada dia.
 

A Frente denuncia também a campanha enganatória da prefeitura relativa à supostas obras de melhoria da qualidade da mobilidade urbana. Reiteramos que tais obras estão na contramão da abordagem contemporânea sobre mobilidade que privilegia o transporte coletivo sobre o individual e o não motorizado sobre o motorizado. As supostas obras da prefeitura constituem-se apenas como paleativos para escoar melhor a imensa frota de carros particulares da cidade. O problema é que quanto mais espaço de dá aos carros nas cidades mais carros aparecem… A tendência portanto com as supostas obras de mobilidade da prefeitura é encher ainda mais a cidade com carros. Podemos observar que a prefeitura não tomou nenhuma medida para incrementar o transporte de massa como VLT e BRT nem em aumentar o número de ciclovias nem para melhorar de fato a qualidade do transporte coletivo, medidas, estas sim, que poderiam diminuir a quantidade de carros circulantes nas vias melhorando a qualidade da mobilidade na cidade.


Há de se lembrar medidas de impacto para o transporte de massa na cidade são tratados como segredo e trancados à sete chaves. Não se sabe por exemplo qual será o destino do vagão de VLT adquirido na patética e desesperada tentativa do ex-prefeito João Castelo em conseguir a reeleição à prefeitura em 2012. Não se sabe também quais são os projetos para BRT na cidade. Comenta-se que o governo do Estado através da Agência Estadual de Transporte e Mobilidade Urbana implantará uma linha de BRT na rica avenida dos Holandeses numa clara demonstração de total falta de noção das reais prioridades e de sensibilidade social com a população dos bairros que mais sofrem com o caos da mobilidade na cidade, como Cidade Operária, Cohab-Cohatrac, Maiobão, Coroadinho e Itaqui-Bacanga e outros. Enquanto a Prefeitura de Holandinha e o governo do Estado de Flávio Dino demonstram quem governam para os mais ricos, a população continua sofrendo com problemas históricos de engarrafamento como os do retorno da Forquilha, do elevado da Cohama, do elevado da Cohab, da Avenida do João Paulo e assim por diante.



As prioridades de governo da prefeitura e governo estadual ficaram claras por ocasião da discussão acerca da revisão da legislação urbanística da cidade notadamente o Plano Diretor. É pensamento corrente hoje na nova abordagem sobre mobilidade e planejamento urbano a necessidade de planejamento urbano integrado para se pensar a cidade à longo prazo e com visão de futuro para o que se quer do nosso espaço urbano. Contudo a prefeitura resolveu realizar uma discussão fatiada em que apenas propunha a transformação de zonas rurais em zonas portuárias e industriais e a alteração do número de gabarito dos prédios em clara medida de atendimento aos interesses dos empresários da construção civil e dos setor empresarial do Estado. A população que se dane, inclusive com a possibilidade vazamento da lama vermelha estocada pela Alumar em lagoas de rejeitos tóxicos em plena na zona rural da ilha de São Luís. Queremos discutir o Plano Diretor que pense a cidade como um todo integrado com habitação, saneamento, mobilidade e qualidade de vida para a população sobretudo do segmento popular que tanto sofre com anos e anos de incompetentes administrações à frente de executivo municipal e não um arremedo de discussão que beneficie apenas uma dúzia de empresários que estão contribuindo para a destruição do meio-ambiente da ilha.


Por fim o desprezo maior com que a prefeitura trata a questão da mobilidade é atestada pela ausência de iniciativa por parte da prefeitura em elaborar, aprovar e executar o Plano Municipal de Mobilidade Urbana exigência da lei federal 12.587/12 deixando o município e seus habitantes simplesmente à míngua. A capital do estado tem dado um exemplo muito ruim de gestão para o restante das cidades maranhenses quando não cumpre seu dever de casa e deixa a cidade crescer desgovernadamente ao sabor dos interesses dos empresários de vários setores.


Neste sentido a Frente de Lutas denuncia o descaso da situação da mobilidade urbana na cidade que tem na prefeitura de São Luis e no Governo do Estado seus principais responsáveis. Conclamamos a população, os estudantes, os trabalhadores, os usuários de trasporte coletivo, as entidades sociais, sindicatos e outros coletivos de luta à somarem força com a Frente para a realização de uma grande reunião de constituição do Fórum Municipal e Popular da Mobilidade Urbana de São Luís com vistas à apresentar as demandas sociais pela mobilidade na grande ilha bem como exigir que a prefeitura cumpra a lei e aprove o Plano Municipal de Mobilidade Urbana com participação social.

Atenciosamente,



Frente de Lutas pela Mobilidade Urbana na Grande Ilha.

https://www.facebook.com/groups/425515104282573/



São Luís 15 de dezembro de 2015


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